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Um pouco de alecrim queimado na comida afasta insetos no pátio: “Voltei a adorar jantar ao ar livre.”

Grupo de pessoas a jantar ao ar livre, mesa com velas e copos de vinho, luzes penduradas ao fundo.

Os mosquitos não leem convites para jantar, as formigas adoram vinagrete e as moscas da fruta acham que o teu rosé é delas—é assim que uma refeição de sonho no pátio se transforma numa retirada apressada e numa pilha de guardanapos a agitar o ar. Depois, um truque de cozinha de um amigo do quintal mudou tudo para mim: uma pequena queima de alecrim num prato simples. Parecia estranho, cheirava maravilhosamente e fazia com que os insetos se afastassem como se alguém tivesse fechado uma porta invisível.

Um vizinho apareceu com um molho de alecrim lenhoso, arrancou um punhado de agulhas e colocou-as num recipiente resistente ao calor, onde as encorajou a fumegar, deixando uma fita de fumo deslizar por cima da mesa, suave como uma mão. O ar mudou, os mosquitos sumiram e a conversa regressou ao seu ritmo, como um disco a entrar no sulco certo. Uma pitada mudou tudo.

A pequena queima que mudou o meu pátio

Não estou a falar de tochas ou armadilhas complicadas, só de uma colher de chá de alecrim seco num pequeno prato, um fósforo e a paciência para o deixar fumegar sem fazer chama, porque o fumo lento parece interromper o código que diz às criaturas voadoras que a tua mesa está aberta, e o que se segue não é um campo de força mas uma linha de desencorajamento suave que os insetos não gostam de atravessar. O truque não é uma vela—é uma erva de cozinha. Assim que vi funcionar, ficava constantemente a espreitar o ar como uma cética, até perceber que a banda sonora tinha mudado de palmadas irritadas para talheres e gargalhadas.

Da primeira vez que testei sozinha, marquei o tempo com o telemóvel numa mão e um copo a suar na outra, e precisamente aos sete minutos o pátio parecia ter respirado de alívio, como se a presença ruidosa e mordedora tivesse perdido o interesse e seguido para a casa ao lado, enquanto a mesa ficava com aquele perfume resinoso e salgado, típico quando um assado encontra calor. A minha filha voltou para fora com o livro, o cão deixou de perseguir a cauda, e o vizinho, que traz sandálias em qualquer estação, pediu a receita do fumo como se fosse um molho. Ficámos até as luzes pisca-pisca acenderem na nova escuridão.

O que parece acontecer é um cocktail de óleos voláteis—cânfora, 1,8‑cineol e companhia—libertados pelo fumo, que confundem a forma como mosquitos e melgas nos detetam pelo hálito e odor da pele, enquanto as fitas visíveis de fumo criam um pequeno écran que os insetos não navegam com entusiasmo, o que resulta numa zona de conforto em vez de um bunker. Quem percebe da ciência explica que o fumo disfarça o dióxido de carbono e compostos da pele o suficiente para baralhar os sensores de orientação dos bichos durante algum tempo, especialmente com ar parado. Em zonas de risco real de doenças, mantém o teu repelente à mão; este truque cria ambiente, não é vacina.

Como fazer sem stress nem medo

Pega num prato raso resistente ao calor—um ramequim velho, um suporte de colheres em ferro fundido ou até um cinzeiro robusto de segunda mão—e coloca uma a duas colheres de chá de agulhas secas de alecrim, acende um canto até as pontas brilharem e apaga qualquer chama, pois queres queimar devagar e não fazer fogueira. Coloca o prato a favor do vento, de modo a que o fumo cruze a mesa num véu fino e preguiçoso. É como acender uma pequena fogueira só para a mesa. Se o teu pátio for grande, faz duas ou três “estações” do tamanho de uma vela e coloca-as rente ao chão.

Todos já tivemos aquele momento em que o vento muda e o plano vai por água abaixo, por isso pousa o recipiente onde o ar desliza naturalmente para as tuas cadeiras, e nunca onde o vento faz redemoinho. Evita grades de madeira, toalhas de tecido e debaixo de chapéus-de-sol, onde o fumo fica preso, porque o que se quer é movimento sem acumulação e calor sem perigo. Se o alecrim pegar lume, esmaga-o de leve com uma colher, e quando o fumo enfraquecer ao fim de vinte minutos, acrescenta nova pitada e volta a acender—é um compasso, não uma regra.

Começa a queimar cinco a dez minutos antes da comida chegar à mesa, para que o ar já esteja diferente quando pousares os pratos. Pensa no fumo como um tempero para o ambiente e não para o prato, porque estás a perfumar o espaço, não a salada, e mantém sempre um copo de água à mão para apagar a brasa no fim da noite.

“Não vencemos a natureza; só negociámos melhores termos”, riu-se o meu vizinho, ao ver o último mosquito desistir do meu vinho.
  • Usa alecrim seco para fumegar facilmente; fresco para aroma mais intenso, mas queima mais difícil.
  • Um pequeno recipiente por cada 2–2,5 metros de assentos resulta na maioria dos pátios.
  • Mantém afastado de animais curiosos e mãos pequenas, e nunca deixes sem vigilância.
  • Combina com um ventilador discreto para espalhar o aroma e confundir os mosquitos.
  • Em zonas de risco elevado, reforça com um repelente aprovado pela EPA.

A alegria inesperada que trouxe

O que mais me surpreendeu não foi levar menos picadas, mas o regresso do antigo ritmo às refeições ao ar livre, porque ao tirar a tensão constante abriu-se espaço para aquele tipo de conversa relaxada que pertence às noites que não queremos que acabem. Até a comida parecia ter mais sabor quando não disputávamos cada garfada com uma mosca. O fumo é o teu escudo silencioso. Passei a guardar um frasco de alecrim ao lado do saca-rolhas, um prato já escurecido empilhado com as travessas, e o pátio deixou de ser cenário para se tornar realmente uma divisão onde se vive.

É um pequeno gesto—como baixar as luzes ou mudar a música—que inclina a noite para o descontraído, e dá-te permissão para estar ao ar livre sem tensão, que é o que a maioria de nós quer quando acende uma vela ou põe a mesa debaixo de um céu que também quer participar na refeição. O truque do alecrim não transforma junho em outubro, só apaga a estática para ouvires a canção, e isso já chega para mudar a forma como recebes amigos, quanto tempo ficas e quantas histórias “só mais uma” surgem depois do último gelo já estar opaco. Usa o aroma, não químicos, para reconquistar o pátio.

Ponto-chaveDetalheInteresse para o leitor
Queima uma pitada de alecrimFumega agulhas secas num prato resistente ao calor a favor do ventoCria uma zona suave de afastamento dos insetos, sem aparelhos
Mantém simples e seguroPequenas doses, a baixa altura, água por perto, nada de chamas vivasConfiança para experimentar já hoje, sem stress
Pensa no fumo como tempero do espaçoComeça 5–10 minutos antes de servir, reaviva se precisaresAmbiente melhor, menos insetos, refeições prolongadas ao ar livre

Perguntas frequentes:

  • O fumo de alecrim afasta mesmo mosquitos? Não cria uma barreira impenetrável, mas o aroma pode dificultar que os mosquitos te localizem pelo cheiro, o que normalmente resulta em menos picadas à mesa.
  • A comida fica a saber a fumo ou a ervas? Não, desde que o fumo seja suave e mantenhas o recipiente um pouco a favor do vento; vais perfumar o ar, não defumar a refeição.
  • Quanto tempo dura uma pitada? Uma colher de chá de agulhas secas dura geralmente 15–25 minutos a fumegar; adiciona nova pitada e reacende para prolongar até à sobremesa.
  • Posso usar outras ervas? Sálvia, folhas de louro e tomilho também fumegam bem e cheiram ótimo, e muita gente nota que ajudam contra moscas e mosquitos pequenos do mesmo modo.
  • É seguro junto de crianças e animais? Mantém o recipiente fora do alcance, nunca deixes sozinho e apaga-o totalmente com água no fim; se o fumo incomodar alguém, usa um ventilador em alternativa.

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